Texto de Gustavo Dumas, diretor da ANED (Associação Nacional dos Empregados da Dataprev)
Sexta-feira, 23 de março. O funcionário da Dataprev José Augusto Correa Lima, do CPSP, com histórico de problemas de ordem psicossocial, é comunicado de sua demissão por sua chefia imediata, como em outros casos, sem que lhe seja apresentada a motivação para a demissão. Segunda-feira, 26 de março. O funcionário comparece à empresa para tentar conversar e reverter sua demissão e tem impedida sua entrada.
Sexta-feira, 23 de março. O funcionário da Dataprev José Augusto Correa Lima, do CPSP, com histórico de problemas de ordem psicossocial, é comunicado de sua demissão por sua chefia imediata, como em outros casos, sem que lhe seja apresentada a motivação para a demissão. Segunda-feira, 26 de março. O funcionário comparece à empresa para tentar conversar e reverter sua demissão e tem impedida sua entrada.
Quarta-feira, 28 de março. A irmã de José Augusto vai a sua residência e se depara com o corpo do irmão já em estado de decomposição, o que indica que a morte fora consumada um tempo antes. Sexta-feira, 30 de março. Num clima de muita tristeza, o corpo de José Augusto é enterrado, em São Paulo.
A causa da morte não foi ainda divulgada e a suspeita é de que o trabalhador possa até ter se suicidado, pois recebeu pessimamente a notícia de sua demissão. Segundo familiares, José Augusto amava e priorizava seu trabalho na Dataprev, às vezes até mesmo em detrimento da família. Qual foi seu prêmio? A demissão, num momento em que o trabalhador enfrentava dificuldades pessoais de conhecimento geral.
Outras fontes dão conta de que a Dataprev pretende ainda demitir mais gente. O critério? A suposta fragilidade da situação profissional do trabalhador, disfarçada de uma crítica pesada ao absenteísmo e de um discurso meritocrata que na prática não se sustenta, como pôde atestar, citando só um exemplo, o caso recente de um concurso interno contratado sem licitação e com diversas formas de desvalorização de quem não possui função de confiança.
A frieza de cálculo e o desprezo pelo ser humano demonstrados pela atual gestão se manifestam também em atos como o esvaziamento por que passam as áreas de medicina do trabalho e assistência social na Dataprev e em sua política de gestão de pessoas. O que precisará mais acontecer para que um mínimo de diálogo e consideração por seus trabalhadores se estabeleça de fato e não em discursos esvaziados por uma prática de gestão desumanizada?
Que a morte de José Augusto, que tanta perplexidade e tristeza causa a todos que acreditamos que a vida de um ser humano não se resume à sua funcionalidade imediata e a um número de matrícula a ser esquecido, sirva para a reflexão e reconsideração do tratamento que a Dataprev tem dispensado a seus trabalhadores. Nada vai trazê-lo de volta para seus amigos e parentes. Mas que sirva de alerta: não podemos aceitar tamanho descaso.
Descanse em paz, José Augusto.
Gustavo Dumas – Diretor da Aned
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