Em 2017, a luta dos trabalhadores do SERPRO, da
DATAPREV e da BB Tecnologia precisará ir muito mais além das campanhas
salariais. Os duros ataques dos empresários e dos governos aos direitos de toda
a classe trabalhadora do país exigem que construímos uma grande unidade entre
nós, para poder resistir e lutar.
Este é o desafio que foi colocado já no início da 7ª Plenária Nacional da FNI,
que acontece neste final de semana em São Paulo (SP). A primeira atividade do
encontro foi uma mesa de análise de conjuntura, em que os vários projetos e as
reformas trabalhistas e da Previdência estão na agenda dos sindicatos e das
organizações de luta dos trabalhadores.
O professor da rede pública de educação de São Paulo, Mauro Puerro (foto ao lado), da central
CSP-Conlutas, ponderou que o Brasil não é uma ilha. É preciso levar em
consideração que os ataques que vêm sendo implementados pelos empresários e
pelos governos aqui já ocorreram e ainda ocorrem em outros países. São uma
resposta do capital à crise econômica mundial, no sentido de não reduzir suas
margens de lucro. Para não perder dinheiro, empresários e governos querem que
os trabalhadores paguem pela crise.
Nessa conjuntura, para Mauro, o impeachment de Dilma Rousseff não resultou de
uma ação dos trabalhadores (já que o governo do PT não cumpriu a nossa agenda),
mas sim pela atuação da classe dominante. "A PEC 55, que determina um teto
para os gastos públicos, por exemplo, foi iniciado pelo governo de Dilma",
relembrou. Frente à crise financeira, o grande empresariado precisava de um
governo que aplicasse os planos e na rapidez de que ele necessita. Como Dilma
não conseguiu, a saída foi manobrar a queda do governo do PT, para substituí-lo
pelo governo Temer. "Temer é pessoalmente fraco e sem expressão. Porém,
está apoiado na unidade dos grandes empresários pela aplicação dos planos que
querem que sejam implementados, na velocidade em que precisam, para que possam
manter suas margens de lucro".
Assim como a permanência de Renan Calheiros (PMDB) na presidência do Senado foi
articulada pela via parlamentar e pela instância do judiciário para que a PEC
55 e as reformas da Previdência e trabalhista sejam aprovadas. "Os
impactos dessa PEC foram mais entendidos pelo setor público, pois é um ataque
brutal à saúde e à educação. Mas também afeta diretamente o setor privado, já
que o projeto indexa o salário mínimo, que é a principal política de
distribuição de renda no país. E a PEC 55 está relacionada à Reforma da
Previdência, pois as novas regras propostas serão definidas, para boa parte da
população, a partir desse salário mínimo rebaixado por essa proposta",
avaliou.
Integrantes
da FNI lembraram de Luizinho, da OLT do SERPRO/DF, que está na luta da
frente desde o seu início e não pôde comparecer neste ano
Reforma trabalhista levará para o patamar de uma era pré-Vargas
Mauro Puerro analisa que a proposta de Reforma Trabalhista prevista pelo
Governo Temer retrocede os direitos trabalhistas para um o período antes de
Vargas (pré-Vargas). "A inversão da importância do que é legislado [leis
trabalhistas] para os acordos que forem negociados entre empresários e
sindicatos iniciou com uma proposta do Sindicato dos Metalúrgicos de São
Bernardo do Campo/SP, que é da CUT, durante o governo federal do PT",
atestou.
Em relação às mobilizações contra a corrupção, que têm reunido milhares de
pessoas nas ruas, são organizadas por entidades dos próprios empresários e da
direita e, portanto, não são a favor dos trabalhadores. "Lutar contra a
corrupção é importante, mas esses protestos não são a favor dos trabalhadores.
Em nenhum deles, vimos qualquer posição contra a PEC 55 ou contra as próprias
reformas trabalhista e da Previdência. Por trás desses protestos há interesses,
e não são os dos trabalhadores", alertou Mauro.
Desafio em diferenciar o movimento combativo dos trabalhadores
O diretor da APEOESP (sindicato dos professores da
rede pública do estado de São Paulo), Pedro Paulo (foto ao lado), da Intersindical,
complementou a análise feita por Mauro Puerro. Pedro se debruçou aos desafios
dos sindicatos e demais organizações combativas deixarem mais claro a diferença
deles em relação ao petismo e à CUT. " O momento exige unidade, mas
programática do campo da esquerda combativa. Um terceiro campo, que se
diferencia do campo petista, e que seja uma real perspectiva aos
trabalhadores", defendeu.
Para ele, as organizações combativas precisam fazer uma avaliação dos governos
do PT, a fim de detectar os erros e enfrentá-los. "Estamos fechando o
ciclo da era Lulopetismo. Precisamos fazer um balanço disso, do que representou
o PT no poder, que talvez tenha sido o maior partido de massas de esquerda da
América Latina. O núcleo duro do PT se nega a fazer a autocrítica".
Pedro Paulo apontou como os dois principais erros do PT, o governo implementado
na conciliação de classes (pelo qual o partido não fez as reformas estruturais
necessárias, manteve os benefícios do grande empresariado e, para os
trabalhadores, deu apenas políticas compensatórias, que são migalhas para a
classe dominante) e a governabilidade. "Para se manter no governo a
qualquer custo, o PT fez alianças com partidos como o PMDB e entrou no sistema
de corrupção, que é inerente ao sistema. A corrupção não começou com o PT, mas
foi aprofundada por ele".
Saída para o futuro é a UNIDADE dos trabalhadores
O momento é de unir os trabalhadores para poderem
resistir a esses duros ataques. Para isso, é preciso organizar os colegas e
investir na informação. "Temos que levar esse debate por exemplo, da PEC
55, principalmente ao setor privado, que não enxergou ainda o impacto dessa
proposta", defendeu Mauro Puerro, da CSP-Conlutas. Ele prevê que a bola da
vez é a Reforma da Previdência. E para barrá-la, é necessário que as centrais
sindicais tenham um calendário unificado de luta, que rume à GREVE GERAL no
país.
Pedro Paulo, da Intersindical, concordou. "Precisamos da mais ampla
unificação entre aqueles que querem lutar na defesa dos direitos dos
trabalhadores. O desafio é conseguir fazer um calendário unificado de todas as
centrais sindicais e demais entidades. Reivindicamos esse espaço da Frente Povo
Sem Medo, mesmo com todos os seus problemas, bem como o Espaço de Unidade de
Ação. Já a Frente Brasil Popular é uma frente eleitoral do PT para 2018".
OLTs e sindicatos que constroem a FNI e entidades parceiras