Após o vexame de não apresentar nenhuma
proposta na 4ª mesa de negociação, o Serpro se superou e na 5ª mesa, no
dia 10/09/2015, apresentou uma proposta imoral e ilegal (confira a ata aqui). Foi proposto um reajuste de 21,3% das cláusulas econômicas parcelado em 4 anos, da seguinte forma:
2015 – 5,5% retroativo a maio;
2016 – 5% em maio;
2017 – 4,75% em maio;
2018 – 4,5% em maio;
2016 – 5% em maio;
2017 – 4,75% em maio;
2018 – 4,5% em maio;
Inicialmente, destacamos que a proposta é
esdrúxula! Já em 2015 teremos uma perda de 2,67%, uma vez que o IPCA
apurado até a data-base é de 8,17%. A empresa argumenta que para 2016 e
2017 teremos um ganho real, pois o centro da meta prevista para a
inflação nesse período pelo Banco Central é 4,5%. A empresa, contudo,
parece esquecer, que o governo trabalha com margens de tolerância de 2%,
para 2016, e 1,5%, em 2017,
ou seja, a inflação pode chegar a 6,5% em 2016, ou 6% em 2017, e ainda
assim estará na meta. Além disso, durante todo o Governo Dilma a
inflação ficou acima do centro da meta, sempre próximo do teto. E nós
sabemos que esse negócio de meta é complicado para nossa presidente.
Outro item importante é que a empresa
afirma que nos últimos 10 anos concedeu um ganho real acumulado de
10,21%. Ora, a empresa é esperta no momento de fazer este recorte, pois
se estendermos o período em análise para 2003, início do Governo PT,
teremos, considerando cada período de maio do ano anterior à abril do
ano em destaque, os seguintes valores:
Ano | IPCA | Reajuste | Diferença |
2003 | 16,7692% | 6% | -10,7692% |
2004 | 5,2590% | 5,26% | +0,010% |
2005 | 8,0724% | 9,19% | +1,1176% |
2006 | 4,6332% | 7% | +2,3668% |
2007 | 2,9983% | 4,5% | +1,5017% |
2008 | 5,0414% | 6,54% | +1,4986% |
2009 | 5,5337% | 5,53% | -0,0037% |
2010 | 5,2606% | 6,26% | +0,9994% |
2011 | 6,5104% | 6,51% | -0,0004% |
2012 | 5,1042% | 5,10% | -0,0042% |
2013 | 6,4933% | 7,49% | +0,9967% |
2014 | 6,2798% | 7,05 | +0,7702% |
2015 | 8,1716% | 5,5% | -2,6716% |
Acumulado | 128,9379%% | 121,1622% | -7,7757% |
Como visto, considerando todo o período
do governo do partido que está no poder, os trabalhadores do Serpro
tiveram uma perda salarial de quase 8%. E pela proposta da empresa,
certamente teremos mais perdas nos próximos anos.
Para piorar, a empresa traz informações
fora de contexto do Dieese. Ou seja, quando é de seu interesse, a
empresa usa os dados do Dieese. Ocorre que, se considerarmos os dados do
ICV-Dieese para inflação na tabela anterior, teremos uma inflação
acumulada de 2003 a 2015 de 133,2560%, ou seja, a perda dos
trabalhadores é maior ainda, sendo de 12,0938%.
Se não bastasse a imoralidade da proposta
da empresa, ela também é ilegal. Isto porque a legislação vigente
impede que um Acordo Coletivo seja firmado com mais de 2 anos de
validade. Vejamos o que diz a CLT:
Art. 614 – Os Sindicatos convenentes ou as empresas acordantes promoverão, conjunta ou separadamente, dentro de 8 dias da assinatura da Convenção ou Acordo, o depósito de uma via do mesmo, para fins de registro e arquivo, na Secretaria de Emprego e Salário, em se tratando de instrumento de caráter nacional ou interestadual, ou nos órgãos regionais do Ministério do Trabalho, nos demais casos.
(…)
§ 3º – Não será permitido estipular duração de Convenção ou Acordo superior a 2 anos.
Além disso, temos a OJ 322, da SDI I, do TST, que diz:
322. ACORDO COLETIVO DE TRABALHO. CLÁUSULA DE TERMO ADITIVO PRORROGANDO O ACORDO PARA PRAZO INDETERMINADO. INVÁLIDA (DJ 09.12.2003)
Nos termos do art. 614, § 3º, da CLT, é de 2 anos o prazo máximo de vigência dos acordos e das convenções coletivas. Assim sendo, é inválida, naquilo que ultrapassa o prazo total de 2 anos, a cláusula de termo aditivo que prorroga a vigência do instrumento coletivo originário por prazo indeterminado.
Logo, comprovadas as
imoralidade e ilegalidade da proposta, torna-se imperativo sua rejeição,
que já foi, de fato, rejeitada em mesa pelos representantes dos
trabalhadores.
Convém ainda destacar que
o Serpro rejeitou todas as outras cláusulas da pauta, como o reajuste
diferenciado para o já muito defasado ticket e uma melhoria no
auxílio-educação, onde perdemos feio para a Dataprev. Ainda, sobre a
redução da jornada para 6 horas, a empresa que informou que está fazendo
um estudo, mas que não há uma comissão criada nem, tampouco, um prazo.
Ou seja, está nos enrolando.
Nota Triste
Mais uma vez, a nota
triste desta mesa vai para a Fenadados, que mantém a falta de
transparência como sua marca registrada, impedindo que a mesa fosse
transmitida pelo Serpro. Ressaltamos que o Serpro já havia concordado
com a transmissão e havia reservado uma sala para fazer a transmissão.
Contudo, a Sra. Telma Dantas, vice-presidente da Fenadados, iniciou a
última mesa com um pedido de desculpas ao Serpro, pois não queriam mais a
transmissão da mesa, com as justificativas mais infundadas possíveis.
Como alguém poderia ser contra a transmissão da mesa? Isto traria mais
lisura e transparência para a negociação e até poderia motivar mais os
trabalhadores.
Texto retirado do BLOG da OLT Serpro/RJ
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